Orgulho e mágoa na aposentadoria
Popó se despede: "Lutei para mudar minha história"
Aos 31 anos, Acelino Popó Freitas surpreendeu no dia 2 de outubro ao anunciar em seu evento, o Boxe Brasil, que estava se aposentando. O cartel de 38 vitórias, 32 por nocaute e apenas uma derrota, e os quatro cinturões mundiais, fizeram de Popó um dos maiores pugilistas da história no Brasil. Mesmo assim, o baiano guarda uma mágoa: o de nunca ter recebido apoio dos governos, nem de empresários no país. Nesta entrevista exclusiva ao repórter Alexandre Lobo, direto de Salvador, o baiano fala dos problemas que teve na carreira, dos prazeres e do futuro. E mostra ainda o seu lado família, falando dos filhos Rafael (14 anos), Igor (9), Yago (7), Juan (6), Gustavo (5) e Acelino Popó, o Popozinho, de 1 ano, que obrigou o pai a parar a entrevista para acompanhá-lo na aula de natação.
GLOBOESPORTE.COM : Existe a possibilidade de você subir no ringue para fazer uma luta de despedida?
Popó: Ninguém nunca me ajudou financeiramente, cheguei a ficar sem um patrocínio. Em hipótese nenhuma faria luta de despedida. Sempre tive muito trabalho para organizar as lutas no Brasil. Todas as bolsas das minhas lutas aqui foram baixíssimas.
GLOBOESPORTE.COM : Mesmo se fizerem uma boa proposta financeira?
Popó: Nunca lutei por dinheiro, lutava para manter o meu título, pelos meus treinamentos. Se eu lutasse por dinheiro, certas vezes nem teria subido no ringue. Não tem dinheiro que me faça voltar. A minha idéia agora é cuidar da minha vida empresarial. Tenho muitos imóveis, tenho a Fundação Acelino Popó Freitas e quero organizar eventos, criar novos talentos.
GLOBOESPORTE.COM : Dizem que o brasileiro não valoriza os ídolos... Você tem medo de acabar sendo esquecido pelos fãs?
Popó: Não me preocupo com isso. Não lutei boxe para ser famoso. Lutei para mudar a minha história.
GLOBOESPORTE.COM : O que te levou a tomar a decisão de deixar os ringues?
Popó: Já vinha há cinco meses martelando isso e sempre dizia que ia parar. Foi então que surgiu uma homenagem no Boxe Brasil. Senti aquele clima do boxe, o público, os amigos e percebi que seria o momento ideal para a minha despedida.
GLOBOESPORTE.COM : Quer dizer que o anúncio não foi planejado?
Popó: Não... Foi coisa de momento. Mas se eu tivesse organizado uma coletiva de imprensa não teria sido tão emocionante.
GLOBOESPORTE.COM : Você vem pensando em se aposentar desde que ganhou o quarto cinturão. Com tantos títulos, houve perda de motivação para continuar a lutar?
Popó: Desde que comecei, aos 14 anos, eu dizia que me aposentaria aos 30. Não houve falta de motivação, nem problema físico. Sempre me cuidei bem, não fumo, não bebo. Em termos de motivação, tem muita gente que quer ser Popó e através do meu trabalho muita gente foi para o boxe. Hoje estou feliz porque fiz tudo o que eu tinha que fazer.
GLOBOESPORTE.COM : Você pensa em ser treinador?
Popó: Não tenho vontade nenhuma. Só me tornaria treinador se um dos meus filhos quisesse lutar.
GLOBOESPORTE.COM : Existe esta possibilidade?
Popó: Eles brincam de boxe, mas eu não desperto isso neles. Eles são muito pequenos.
GLOBOESPORTE.COM : Mas o Rafael já tem 14 anos...
Popó: É... O Rafael, se fosse lutador, seria um pegador igual ao pai. Mas inteligência de ringue e técnica eu teria que auxiliar. Não acho que ele vá querer se tornar lutador. Com 14 anos, eu já era campeão baiano.
GLOBOESPORTE.COM : Com a tua saída dos ringues, o boxe brasileiro ficará órfão de ídolos em ação. Existe alguma promessa que você aponte como o novo Popó?
Popó: Tem muita gente boa, só falta oportunidade. Estou aí com o Boxe Brasil para ver a modalidade cada vez maior.
GLOBOESPORTE.COM : Existe alguém em especial que você gostaria de ter enfrentado?
Popó: A minha idéia era a revanche com o (Diego) Corrales (o único pugilista a vencer Popó), mas ele não cedeu. Seria a única questão que me faria lutar este ano, mas isso era antes de eu decidir pela aposentadoria. Agora, mesmo que ele queira, não volto.
GLOBOESPORTE.COM : Ao contrário do estereótipo do lutador, você se mostra um cara muito vaidoso. Você tem idéia de se tornar apresentador de TV ou trabalhar com algo relacionado à moda?
Popó: Estou em aberto. Estou trabalhando em uma linha de artigos esportivos com a marca Popó, vendo desenho de roupas, cinturões, luvas. Será tudo voltado para o boxe. Mas primeiro tenho que organizar a minha vida.
GLOBOESPORTE.COM : Qual foi o momento mais marcante da sua carreira?
Popó: O dia 7 de agosto de 1999, o dia da minha vitória sobre o russo Anatoly Alexandrov, quando eu ganhei o meu primeiro cinturão mundial. Foi um momento de muita alegria e eu só pensava em festejar.
FONTE:
GLOBO.COM____________________________________
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Fica aqui a homenagem do balaião a esse grande pugilista brasileiro, boa sorte na vida Popó!
Vídeo de uma de suas vitórias:
[]'z M.S.
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